quinta-feira, 3 de maio de 2012

QUANDO A GENTE SENTE SAUDADES


Hoje eu acordei com um cheirinho em mim.
Sem identificação, aviso prévio ou explicação, ele chegou pela noite e se instalou, procurei sem sucesso o que poderia ser todo aquele aroma que começava a me intrigar. Talvez tenha adquirido perambulando por ai pelas ruas, entre um sonho e outro ou visitado alguém pelas madrugadas solitárias do lado de cá. Simplesmente tomou conta do meu corpo, passou pela cama e foi colorindo todo o quarto, sala, cozinha, escritório e toda a casa, por alguns minutos aquela essência repousou nos meus postais e ficou a observar, quando chegou em cima da escrivaninha percebi que a sua intensidade havia diminuído, talvez pela bagunça e quantidade de coisas que ali havia para fuçar, por fim sossegou e se sentiu um pouco mais calmo quando se deparou sobre minhas palavras, escritos e rabiscos. Até pensei que poderia ter esquecido alguma coisa no quarto e impregnado na roupa, tratei logo de tomar um banho de pé à cabeça, sem esquecer nenhum detalhe, passei minutos sobre a água morna na tentativa de acabar de vez com aquele olor que me perseguia.
Lavei, lavei e não saiu, aquele cheiro continuava ocupando os espaços que existiam no meu faro.
Escolhi a melhor roupa, passei o meu melhor perfume, até penteei o cabelo, coisa que normalmente não faço, mas aquela impressão que atingia o meu olfato ainda insistia em permanecer em mim, parecia que algo me fazia lembrar, ou simplesmente não esquecer.
Foi quando eu dei por mim, e percebi que aquele cheiro era um sintoma de saudades de vocês...   

Bartolomeu Dias