segunda-feira, 28 de março de 2011

Flores para Hitler


Uma ausência de pensamentos sólidos.
E um mar de desejos escondidos por debaixo do pano.
Gosto de um piquenique a luz de velas e a sombra de um sorriso.
Na hora que a gente se sentar e um virar para o outro.
Vou dizer palavras doces, igual doce na mão de criança.
Quero um dia parar de brincar e começar a pensar em você.
Lhe ofereço uma maçã. E a minha mão.
Aceita logo e me dá uma mordida no infinito de um pecado.
Quero escrever no seu braço um pedacinho do céu que eu te dei.
No final do outono prometo recolher todas as flores que plantei.
Apagar cada vestígio, e apenas um indício que estive por aqui.
Hoje eu acordo com o gosto de uma primavera nos dentes.
Recebi um cartão postal logo pela manhã e me lembrei da sua letra.
Tentei vasculhar cada letrinha a procura de uma data.
Corri em direção a janela.
Deixei o sol entrar.
Olhei para baixo, em vão.
A cor laranja coloriu meu sorriso amarelo.
Só sobrou o rastro daquele momento por entre alguns faros.
Sinto o perfume entre os labirintos da minha imaginação...
No bilhete dizia que iria voltar.
Deus escreve certo por linhas tortas?
Ainda me pego criando planos mirabolantes durante alguns intervalos de televisão.
E hoje fico com as flores na mão.
E um bilhetinho escrito em alemão para ninguém entender.
Só eu e você.



Auíri Tiago